Com subida contínua de taxa, bom desempenho pode ser travado.
Na última quarta-feira (27/10) o Banco Central decidiu elevar a Selic para 7,75% ao ano, uma diferença de 1,50% em relação ao valor anterior. A subida da taxa vem preocupando o setor de construção civil. Afinal, os altos valores de insumos durante a pandemia continuam ameaçando projetos e lançamentos.
Apesar do bom desempenho de lançamentos em 2020, durante toda a pandemia a elevação do aço, alumínio, cimento e madeira provocou o repasse dos custos para os consumidores finais. A alteração dos valores dos novos imóveis não afastou completamente os compradores.
Podemos verificar isso com os resultados dos indicadores da ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), que verificaram que desde fevereiro de 2020 esta é a primeira vez que o setor retoma a alta simultânea de vendas e lançamentos no período de 12 meses. Porém, a expectativa é que a Selic continue aumentando e que a inflação atinja os dois dígitos nos próximos meses.
Em 2021 o mercado imobiliário fez o PIB do segmento subir em 4%, segundo levantamento do CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). O mesmo relatório constatou que 57,1% das empresas do setor apontaram falta de insumos ou preocupação com altos custos dos mesmos. Esse problema deve persistir neste segundo semestre.
As companhias da construção civil devem continuar sofrendo com os altos valores e isso pode interferir no bom resultado do setor, afetando também o desempenho do mercado imobiliário. O poder de compra do brasileiro também vem sofrendo com as altas das taxas e índices, como o IPCA. Os financiamentos imobiliários chegaram a bater recordes na Caixa Federal este ano, mas a tendência deve ser uma redução desse alto desempenho.
Ainda não deve ser uma parada brusca ao desempenho favorável da construção civil e do mercado imobiliário, apenas uma desaceleração. Entretanto, a preocupação do setor é importante para que o cenário seja acompanhado de perto. Porque a economia brasileira ainda continua em um momento difícil e sem previsão de crescimento.
Mas somente ao conectar os números às estatísticas trimestrais e semestrais é que teremos uma noção real da interferência da Selic no mercado. Sendo assim, é preciso acompanhar de perto as próximas variações da Selic após essa alta considerável, a preocupação deve ser se a taxa continuar aumentando 2% a.m.