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A 2ª onda do vírus e o mercado imobiliário

Os juros médios no Brasil baseiam-se na taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), que é controlada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central.

Sua última elevação ocorreu há quase seis anos, em julho de 2015, quando passou de 13,75% para 14,25% ao ano.

Depois disso, num processo contínuo de queda, chegou a 2,0% ao ano nos últimos meses de 2020, seu menor patamar histórico desde que foi criada, em 1979.

E assim permaneceu até 17 de março de 2021, quando voltou a subir. Hoje, está em 2,75% ao ano.

O retorno do crescimento da Selic tem razão de ser.

A economia em geral, que vinha sofrendo com o fechamento de atividades consideradas não essenciais durante quase todo o ano de 2020, sofreu novo revés com o recrudescimento da pandemia, neste início de ano.

As UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo) com quase 100% de sua capacidade esgotada em todo o país, mesmo em regiões antes menos afetadas.

Governadores e prefeitos, sem saber o que fazer pela saúde, e sem alternativas, determinaram o lockdown, inclusive fechando muitas fronteiras municipais.

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Com a nova e rigorosa paralisação da economia, diversos produtos desapareceram do mercado, acionando a lei natural da oferta e demanda.

A consequência foi a subida inesperada dos preços. Consequentemente, a inflação mais uma vez superou a meta estabelecida pelo governo, fechando o ano de 2020 acumulada em 4,31%.

Neste ano, a inflação já acumulou 1,11% até o mês de fevereiro.

A expectativa é de que a Selic continue subindo, podendo chegar a 4% neste ano, provocando pequena elevação nas taxas de juros financeiras.

Entretanto, depois de um surpreendente ano positivo face ao cenário macroeconômico, o mercado imobiliário dá sinais de que continuará crescendo em 2021.

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De acordo com pesquisa nacional, realizada pela Brain Inteligência Estratégica no começo de fevereiro, entre 1,2 mil entrevistados com renda suficiente para comprar um imóvel, 41% afirmou que tem intenção de adquiri-lo dentro dos próximos dois anos.

Pelo menos 10% deles já estão em busca do imóvel ideal, apesar da expectativa de elevação da inflação e das taxas de juros.

Aliás, a expectativa de alta na taxa Selic e, consequentemente, nas taxas de crédito imobiliário tem produzido uma corrida ao mercado.

Quem tem condições de comprar quer fazê-lo o mais rápido possível, a fim de assegurar as atuais taxas baixas de juros.

Em 2020, o SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) financiou 124 bilhões de reais em crédito imobiliário, 70% em imóveis novos.

O movimento foi 57% maior do que em 2019. Com a utilização de recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), destinados à habitação social, foram financiados outros 33 bilhões de reais, dos quais 92% para imóveis recém construídos.

Indiscutivelmente, o sucesso do mercado imobiliário em 2020, apesar da pandemia, foi impulsionado pela abundância de crédito e redução das taxas de juros.

A taxa Selic em baixa desestimulou os investimentos financeiros em favor dos imobiliários.

Neste ano, mesmo que a Selic atinja 4% ao ano, as taxas de juros continuarão sendo as menores da história.

O estímulo à aquisição da casa própria continuará idêntico, ou até melhor do que no ano passado.